Internacional:
Ecocídio como crime no direito internacional
O avanço na conquista de leis na jurisprudência internacional para proteger a Terra, criminalizando atos de ecocídio. Dessa forma, seria possível mover ações judiciais contra empresas e indústrias por violar tais leis; isto é, por cometer ecocídio.
Como seria isso?
Na jurisprudência internacional relevante, reconhecer formalmente como crime atos de perda, dano ou destruição de ecossistemas ou do mundo natural ( 'ecocídio'), conforme chamado da sociedade civil[1] e das ilhas de Vanuatu e Maldivas,[2] ae como proposto em 2010 pela Comissão de Direito Internacional/CDI (em inglês, sigla ILC de 'International Law Commission').[3]
A inclusão do ecocídio como crime no direito internacional deve proibir atos de dano e destruição da Terra e cria o dever legal de cuidar de todos os habitantes que sofreram ou estão em risco de sofrer danos significativos devido a tais atos. O dever de cuidado se aplica a proibir o ecocídio causado por pessoas e prevenir as catástrofes naturais. Quando o ecocídio ocorre como crime, a solução pode ser procurada em tribunais nacionais e órgãos jurídicos internacionais.
Garantir que a definição de ecocídio não inclua apenas crimes ambientais e climáticos, mas também crimes cometidos contra defensores ambientais.[4][5]
Atos de ecocídio cometidos por empresas devem ser puníveis e julgados de acordo com seus impactos, e não apenas pela intenção.
Reconhecer formalmente o papel das empresas transnacionais na condução do ecocídio e julgá-las quando forem acusadas de violar essas leis.
Formalizar um processo internacional que forneça e priorize o acesso aos países do Sul Global e comunidades da linha de frente que estão sofrendo os maiores impactos e onde as empresas transnacionais e suas subsidiárias estão operando para buscar compensação, reparação e justiça pelos crimes que essas empresas cometeram e estão cometendo nesses territórios.
Da mesma forma, reconhecer que responsabilizar os atores pelo ecocídio deve ser uma forma para promover a justiça climática para aqueles que sofrem os maiores danos e, portanto, não deve ser usado injustamente por atores do Norte Global ou governos contra os governos do Sul Global.
Por meio da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (sigla UNFCCC, do inglês 'United Nations Framework Convention on Climate Change') e de outros braços da Organização das Nações Unidas, registrar uma convocação formal para que o direito internacional reconheça atos de ecocídio como crime.
Implementação das medidas do roteiro de responsibilidade jurídica
Ao implementar as medidas estabelecidas neste roteiro, os tomadores de decisão e os movimentos em todos os níveis devem ter em mente:
A aprovação dessas políticas e medidas é simplesmente o primeiro passo para responsabilizar as indústrias poluidoras e destrutivas: haverá muito trabalho para funcionários do governo, tomadores de decisão, ativistas e sociedade civil para garantir que essas medidas sejam totalmente implementadas e nos levem em direção à mudança transformadora de que o mundo precisa.
A responsabilidade jurídica deve ser aplicada a todos os setores e empresas que tomam decisões de negócios que contribuem para as mudanças climáticas e tem impactos, ou que causam danos às pessoas e à natureza. Além da indústria de combustíveis fósseis, essas indústrias incluem, mas não se limitam a, a indústria do agronegócio, a indústria de madeira, papel e celulose, a mineração e o setor de energia.
Muitas dessas medidas podem ser igualmente aplicadas às empresas estatais. Como os contextos nacionais e as necessidades únicas variam de país para país, vale a pena considerar onde aplicar e como adaptar os princípios e medidas listados no roteiro de responsabilidade para lidar com as empresas poluidoras estatais. Ao fazer isso, os fatores a serem considerados podem incluir, mas não estão limitados ao grau de controle democrático na entidade, função, uso de financiamento de receitas de petróleo/ gás e capacidade de resposta da entidade para a transição para fontes de energia renováveis e regenerativas.
As medidas implementadas no nível nacional devem apoiar e reforçar, ao invés de contradizer, as medidas implementadas no nível subnacional e local, e vice-versa.
1 Natasha Lennard. "Ecocide Should Be Recognized as a Crime Against Humanity, but We Can’t Wait for The Hague to Judge," The Intercept, September 24, 2019, accessed August 25, 2020, https://theintercept.com/2019/09/24/climate-justice-ecocide-humanity-crime/.
2 Isabella Kaminski. "Vulnerable Nations Call for Ecocide to Be Recognized As an International Crime," The Climate Docket, December 6, 2019, accessed August 25, 2020, https://www.climatedocket.com/2019/12/06/ecocide-international-criminal-court-vanuatu/.
3 Ecocide Law. "What is ecocide," Proposed Amendment to the Rome Statute, accessed August 25, 2020, https://ecocidelaw.com/the-law/what-is-ecocide/.
4 Melissa Godin. "Record Number of Environmental Activists Killed in 2019," Time, July 29, 2020, accessed August 25, 2020, https://time.com/5873137/record-number-killing-environmental-activists-2019/.
5 Global Witness. Defending Tomorrow: The climate crisis and threats against land and environmental defenders, July 29, 2020, accessed August 25, 2020, https://www.globalwitness.org/en/campaigns/environmental-activists/defending-tomorrow/.