Por que responsabilidade jurídica?

É hora das indústrias poluidoras assumirem a responsabilidades jurídicas delas.

Ao longo de anos, indivíduos e organizações em todo o mundo têm levantado suas vozes para responsabilizar a tirania das indústrias poluidoras e fazer com que elas paguem por todos os danos que causaram de forma consciente –e tem a intenção de continuar causando. Em 2019, centenas de organizações e milhares de pessoas se uniram a um único slogan: Faça Grandes Poluidores Pagarem. Este protesto global conclama os tomadores de decisão e movimentos sociais no mundo todo a agirem para que as indústrias e empresas que causam e agravam a emergência climática assumam a responsabilidade jurídica delas. O Roteiro de Responsabilidade Jurídica é um guia para tomadores de decisão e movimentos sociais, detalhando como fazer isso local, nacional e internacionalmente. 

A inação climática está colocando em risco países inteiros e a vida de bilhões de pessoas.

A crise climática só está se agravando. Estamos indo muito além do ponto de inflexão ecológico, rompendo limites atrás de limites. Atualmente, a ciência nos mostra que o gelo do Oceano Ártico pode derreter completamente antes do esperado (estima-se que até 2035),[1], o que liberaria o equivalente a 25 anos de emissões humanas na atmosfera.[2] Isso também mostra que provavelmente já estamos enfrentando um aumento de 10 metros no nível do mar.[3] Os efeitos da inação climática, advertidos há anos pela sociedade civil, já são uma realidade.

A falta de ação contra as mudanças climáticas colocou em risco nações inteiras e diretamente bilhões de pessoas junto com seus meios de subsistência.[4][5][6][7] Muitas dessas pessoas estão ameaçadas simultaneamente pela pandemia de COVID-19 e pelo racismo brutal e sistêmico. Este último se manifesta por meio das desigualdades profundamente arraigadas e perpetuadas pela ganância industrial, que colocam as comunidades do Sul Global –povos indígenas, negros e outras comunidades racializadas, mulheres, trabalhadores, agricultores, camponeses e pessoas de baixa renda– na linha de frente das mudanças climáticas, da COVID 19 e de outras crises sociais e econômicas que se sucedem ao seu redor.

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Indústrias poluidoras tem agravado a crise climática e atrasado as ações em favor do clima –e elas não têm a menor intenção de parar.

Enquanto pessoas que vivem em comunidades ao redor do mundo lutam por suas vidas, indústrias poluidoras e destrutivas –como a da exploração de combustíveis fósseis e a do agronegócio– preparam-se para acelerar sua expansão, obedecendo apenas o objetivo do lucro. Por exemplo, o mais recente Relatório sobre a Lacuna de Emissões do PNUMA (Production Gap Report) observa que a indústria de combustíveis fósseis pretende produzir mais do que o dobro até 2030, o que é inconsistente com os compromissos assinados no Acordo de Paris para manter o aumento da temperatura global o mais próximo possível de 1,5 graus Celsius.[8] A venda e comercialização de apenas quatro insumos produzidos industrialmente –carne, soja, madeira e óleo de palma– é a principal causa do desmatamento no mundo.[9] O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (sigla IPCC, do inglês 'Intergovernmental Panel on Climate Change') atribui 23% das emissões globais de gases de efeito estufa à agricultura e ao uso da terra.[10] Quando somamos outros elementos da indústria de alimentação globalizada, estudos apontam que esse número chega a 40%.[11][12]

Ao mesmo tempo, essas indústrias poluidoras dependem de um sistema construído sobre o fascismo corporativo com a exploração de pessoas, o racismo e a opressão de mulheres. Essas indústrias manipulam o sistema para conseguir benefícios próprios, pois consideram que as vidas humanas –especialmente as vidas das pessoas de cor, mulheres e comunidades na linha de frente da emergência climática, como os povos indígenas, camponeses, comunidades pesqueiras, populações nômades e rurais— e o mundo natural são dispensáveis. Também estão tentando tirar proveito da pandemia de COVID-19, exigindo auxílios financeiros do governo.[13][14][15][16][17] Em paralelo, empurram leis com tons cada vez mais draconianos, chegam a implantar esquemas de Relações Públicas para apresentá-las como salvadoras e esconder que elas foram centrais no desenrolar da crise.[18][19][20] Elas regularmente usam tratados internacionais e acordos de investimento para fugir da justiça nas cortes ou tribunais, intimidam governos que exigem que sejam responsabilizadas pagando pelo que causaram e conseguem acesso a dinheiro público por meio de ações de arbitragem.[21][22] Além disso, essas mesmas indústrias se organizaram para promover soluções de tecnologia arriscadas e não-confiáveis como os mercados de carbono e geoengenharia. Essas “falsas soluções” não vão resolver o problema, mas vão acentuar as desigualdades que já existem e as violações dos direitos humanos., , Existem muitas barreiras para conseguir uma mudança sistêmica, a maior delas vindo do agronegócio, da indústria dedicada aos combustíveis fósseis e da indústria de madeira e papel/celulose, causando atrasos que só pioram os efeitos das mudanças climáticas.[26][27][28][29]

Tudo isso está acontecendo à medida que a escassez de alimentos se aprofunda como resultado do encurralamento dos pequenos produtores agrícolas para cultivar produtos geneticamente modificados para sustentar a pecuária e as indústrias de laticínios, em vez de alimentar as pessoas que vivem em suas localidades.[30][31] Essas indústrias estão privando as pessoas de suas terras, forçando muitas comunidades ao redor do mundo a abandonar seus territórios e cometendo incontáveis ​​abusos dos direitos humanos; para não mencionar a destruição ecológica que isso acarreta. Alguns exemplos disso incluem: os produtos da Bayer-Monsanto, cujo uso tem levado ao envenenamento químico de agricultores, suas comunidades e ecossistemas,[32] a ligação de grandes empresas de petróleo com a brutalidade policial racista através do financiamento de forças policiais nos Estados Unidos,[33] o já conhecido trabalho infantil da Nestlé,[34] a cumplicidade da Shell nos assassinatos perpetrados na Nigéria,[35][36] e a extração indiscriminada da indústria da carne, causadora de 71% do desmatamento da floresta amazônica em sete países latino-americanos.[37]

Além do mais, essas mesmas indústrias são as maiores responsáveis pelas várias crises que enfrentamos. Durante décadas, elas estiveram cientes que suas atividades contribuem para o agravamento das mudanças climáticas –mas financiaram a negação desse fato e usaram evidências científicas falsas para atrasar qualquer ação para evitá-las.[38][39] Simultaneamente, elas têm impulsionado o desmatamento, a extinção e a crise da perda de biodiversidade que tem feito com que os animais abandonem seus habitats naturais e, assim, criam a possibilidade de espalharem patógenos pelo mundo. Elas têm extraído a riqueza desses lugares e perpetrado o racismo ambiental em comunidades de cor e comunidades indígenas em todo o mundo. Têm enfraquecido a capacidade dos governos de lidar com desastres globais como a crise climática e a crise desencadeada pela COVID-19 –desastres que são cada vez mais caros e devastadores. Esses poluidores são os únicos que devem pagar, não serem socorridos.

Ao responsabilizar juridicamente as indústrias poluidoras, nós poderemos acabar com seus abusos, desbloquear o financiamento necessário para promover soluções reais e enfrentar de forma justa a crise climática.

A necessidade é tremenda. Assim como os recursos potenciais que se tornarão disponíveis quando as indústrias poluidoras forem responsabilizadas. Por exemplo, apenas em 2019, a Exxon Mobil, a Royal Dutch Shell, a Chevron, a BP e a Total S.A. tiveram receitas totais de aproximadamente 1,35 trilhão de dólares.[40] Da mesma forma, em 2018, a soma das receitas combinadas das 10 principais corporações de agronegócio do mundo –incluindo a Cargill, a Yara Internacional, a Syngenta e a Bayer– foi de 432,61 bilhões de dólares.[41] Em contraste, em 2019, a soma do produto interno bruto de cinco países em desenvolvimento e que são severamente afetados pelas mudanças climáticas –Moçambique, Etiópia, Filipinas, Fiji e Bangladesh– foi de aproximadamente 786 bilhões de dólares.[42]

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Embora uma considerável soma de recursos seja urgentemente necessária para que os países e comunidades da linha de frente possam enfrentar a crise climática, nenhum montante ou compensação financeira pode inocentar as indústrias poluidoras dos danos e violações que tantas pessoas ao redor do mundo tem suportado. Da mesma forma, nenhuma compensação pode comprar ou dar licença para continuarem poluindo ou cometendo abusos. Ao responsabilizar juridicamente as indústrias poluidoras –incluindo indústrias de combustíveis fósseis, de bioenergia, de mineração e do agronegócio– podemos, entre outras coisas:

  • Liberar o financiamento necessário com urgência para lidar com a emergência climática, exigindo que esses atores paguem (não apenas por meio de compensação financeira) pelos danos passados que causaram, danos presentes que estão causando e danos futuros que pretendem causar, evitando estragos maiores.
  • Revogar a licença das indústrias poluidoras para impedir que continuem seus negócios como de costume.
  • Contribuir para estruturar uma necessária mudança sistêmica que garanta um mundo no qual as pessoas e o planeta prosperem e no qual o aumento da temperatura global permaneça abaixo de 1,5 grau Celsius; além de contribuir para a entrega de soluções climáticas reais, como as estabelecidas nas Demandas dos Povos por Justiça Climática.
  • Ajudar a acabar com o status quo que sacrificou diferentes países e comunidades nas linhas de frente apenas para manter os privilégios daqueles que poluem.
  • Fortalecer as ações climáticas internacionais junto com a equidade, fornecer as reparações, honrar a responsabilidade histórica e a dívida climática, protegendo as gerações presentes e futuras.
  • Fortalecer a proteção dos direitos humanos e da Mãe Terra.
  • Acabar com a captura corporativa de políticas e assembleias nas quais os tomadores de decisão participam em nível nacional e em espaços multilaterais, fortalecendo a democracia participativa em todos os níveis, "de baixo para cima".

A responsabilidade jurídica não é uma ideia inovadora. É um conceito que vem sendo praticado por diferentes comunidades no mundo todo há séculos, por meio de restituições, reparações e processos jurídicos, legislativos, culturais e outros meios. Alguns exemplos de comunidades que clamam para que os poluidores assumam sua responsabilidade jurídica incluem pescadores na Índia, movimentos globais por justiça social que exigem o pagamento da dívida climática por meio de pacotes de recuperação da crise causada pela pandemia de COVID-19, comunidades negras nos Estados Unidos exigindo compensação e especialistas jurídicos em todo o mundo. Quando aplicada de forma abrangente, holística e equitativa, a responsabilidade jurídica também tem o potencial de encerrar proativamente (não apenas de forma reativa) práticas que são abusivas tanto para as pessoas quanto para a natureza.

Este roteiro é uma ferramenta que descreve exatamente como os grandes poluidores podem ser responsabilizados juridicamente.

O Roteiro de Responsabilidade Jurídica aqui apresentado foi elaborado a partir da vasta experiência de comunidades e movimentos sociais em todo o mundo, particularmente no Sul Global e nos países na linha de frente da emergência climática. Ele apresenta aos tomadores de decisão –incluindo funcionários do governo, sociedade civil e movimentos em todos os níveis de governo– um catálogo de medidas e ferramentas para: 1) obter o financiamento para apoiar a mudança urgente e necessárias dos sistemas; 2) atingir soluções que tenham controle público; e 3) enfrentar, de forma justa, a crise climática.

É claro que colocar em prática as políticas e medidas aqui delineadas é o primeiro passo: há muito trabalho a ser feito para garantir que essas ações sejam implementadas e nos levem à mudança transformadora de que o mundo precisa.

Em meio a uma pandemia global, a uma recessão internacional, a uma crise de saúde pública, os sistemas injustos que aprofundaram a mudança climática e causaram uma série de injustiças ao longo dos séculos estão ruindo. Agora nos deparamos com a possibilidade de erguer as bases para a construção de um mundo mais justo e habitável –no qual as pessoas e a natureza prosperem– ou de quebrar os sistemas racistas e colonialistas de opressão que só serviram para garantir poder a uma minoria. Esse mundo mais bonito e justo pode se tornar realidade, ao menos parcialmente, se conseguirmos fazer com que as indústrias poluidoras assumam a responsabilidade jurídica de terem colocado países, comunidades e todo o planeta à beira do colapso.

A ciência nos mostra que as ações que tomamos agora irão definir o curso de ação para os próximos dez anos, e, por sua vez, vão determinar se estamos prontos para enfrentar colapsos ambientais e sociais. Os tomadores de decisão do mundo todo devem liderar pelo exemplo e abraçar o momento sem precedentes que estamos atravessando para transferir o poder para as mãos de pessoas e comunidades, trabalhando juntos para construir sistemas novos, equitativos e centrados nas pessoas.


techsupport@stopcorporateabuse.org

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Este Roteiro de Responsabilidade Jurídica foi pensado para ser um documento vivo. Pretendemos atualizá-lo sempre que surgirem novas oportunidades, com o levantamento de novos guias e estudos de caso.

Por favor, escreva para info@liabilityroadmap.org se:

  • Você gostaria de sugerir a inclusão de algo no Roteiro, por exemplo: um estudo de caso, um kit de ferramentas ou se você achar que as medidas de responsabilidade não estão refletidas de forma adequada neste documento;

  • Se você é um tomador público de decisões ou líder que promove a justiça social e busca apoio para aplicar uma ou mais das medidas de responsabilidade descritas aqui.

É importante mencionar que nem sempre temos as ferramentas para ajudar em todas as solicitações; no entanto, tudo o que for necessário será feito para fornecer recursos adicionais e direcioná-los para uma organização que provavelmente será capaz de apoiá-lo.

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1  Alex Kirby, "End of Arctic sea ice by 2035 possible, study finds," Climate News Network, August 11, 2020, accessed August 25, 2020, https://climatenewsnetwork.net/end-of-arctic-sea-ice-by-2035-possible-study-finds/.

2 K. Pistone, I. Eisenman, and V Ramanathan, V. “Radiative heating of an ice-free arctic ocean,” Geophysical Research Letters, 46 (2019): 7474–7480, https://doi.org/10.1029/ 2019GL082914.

3 Timothy M. Lenton, Johan Rockström, Owen Gaffney, Stefan Rahmstorf, Katherine Richardson, Will Steffen, and Hans Joachim Schellnhuber. “Climate tipping points - too risky to bet against,” Nature, 575 (November 28, 2019): 592- 595, https://media.nature.com/original/magazine-assets/d41586-019-03595-0/d41586-019-03595-0.pdf.

4 Chi Xu, Timothy A. Kohler, Timothy M. Lenton, Jens-Christian Svenning, and Marten Scheffer. “Future of the human climate niche,” Proceedings of the National Academy of Sciences, Vol. 117, no. 21 (May 2020), 11350-11355, https://www.pnas.org/content/117/21/11350.

5 H.-O. Pörtner, D.C. Roberts, V. Masson-Delmotte, P. Zhai, M. Tignor, E. Poloczanska, K. Mintenbeck, A. Alegría, M. Nicolai, A. Okem, J. Petzold, B. Rama, and N.M. Weyer, eds. IPCC Special Report on the Ocean and Cryosphere in a Changing Climate, IPCC, 2019, https://www.ipcc.ch/srocc/.

6 Sarah Cafasso. "Interactive map developed by Stanford researchers shows nature's contribution to people," Stanford News, October 10, 2019, https://news.stanford.edu/2019/10/10/interactive-map-shows-natures-contributions-people/. 

7 Justin Worland. "The Leaders of These Sinking Countries Are Fighting to Stop Climate Change. Here's What the Rest of the World Can Learn," Time, June 13, 2019, accessed August 25, 2020, https://time.com/longform/sinking-islands-climate-change/. 

8 SEI, IISD, ODI, Climate Analytics, CICERO, and UNEP. The Production Gap: The discrepancy between countries’ planned fossil fuel production and global production levels consistent with limiting warming to 1.5°C or 2°C, 2019, http://productiongap.org/.

9 Global Forest Coalition. "The big four drivers of deforestation: beef, soy, wood and palm oil," Forest Cover, No. 55, April 2017, https://globalforestcoalition.org/forest-cover-55/. 

10 P.R. Shukla, J. Skea, E. Calvo Buendia, V. Masson-Delmotte, H.- O. Pörtner, D. C. Roberts, P. Zhai, R. Slade, S. Connors, R. van Diemen, M. Ferrat, E. Haughey, S. Luz, S. Neogi, M. Pathak, J. Petzold, J. Portugal Pereira, P. Vyas, E. Huntley, K. Kissick, M. Belkacemi, and J. Malley, eds. Summary for Policymakers. In: Climate Change and Land: an IPCC special report on climate change, desertification, land degradation, sustainable land management, food security, and greenhouse gas fluxes in terrestrial ecosystems, IPCC, 2019, https://www.ipcc.ch/site/assets/uploads/sites/4/2020/02/SPM_Updated-Jan20.pdf.

11 IAASTD. “Agriculture at a crossroads: Findings and recommendations for future farming,” Global Agriculture: Climate and Energy, accessed August 25, 2020, https://www.globalagriculture.org/report-topics/climate-and-energy.html.

12 P.R. Shukla, J. Skea, E. Calvo Buendia, V. Masson-Delmotte, H.- O. Pörtner, D. C. Roberts, P. Zhai, R. Slade, S. Connors, R. van Diemen, M. Ferrat, E. Haughey, S. Luz, S. Neogi, M. Pathak, J. Petzold, J. Portugal Pereira, P. Vyas, E. Huntley, K. Kissick, M. Belkacemi, and J. Malley, eds. Summary for Policymakers. In: Climate Change and Land: an IPCC special report on climate change, desertification, land degradation, sustainable land management, food security, and greenhouse gas fluxes in terrestrial ecosystems, IPCC, 2019, https://www.ipcc.ch/site/assets/uploads/sites/4/2020/02/SPM_Updated-Jan20.pdf.

13 InfluenceMap. Fossil Fuel Lobbyists Are Dominating Climate Policy Battles During COVID-19: An InfluenceMap Briefing, July 2020, accessed August 25, 2020, https://influencemap.org/report/Fossil-Fuel-Lobbyists-Are-Dominating-Climate-Policy-Battles-During-COVID-19-a78b11aa1be42aef5d7078d09457603b.

14 Fiona Harvey. “US fossil fuel giants set for coronavirus bailout bonanza,” The Guardian, May 12, 2020, accessed August 25, 2020, https://www.theguardian.com/environment/2020/may/12/us-fossil-fuel-companies-coronavirus-bailout-oil-coal-fracking-giants-bond-scheme.

15 Chloe Farand. "Coronavirus: which governments are bailing out big polluters," Climate Home News, April 20, 2020, accessed August 25, 2020, https://www.climatechangenews.com/2020/04/20/coronavirus-governments-bail-airlines-oil-gas/.

16 Emily Holden. "Over 5,600 fossil fuel companies have taken at least $3bn in US COVID-19 aid," The Guardian, July 7, 2020, accessed August 25, 2020, https://www.theguardian.com/environment/2020/jul/07/fossil-fuel-industry-coronavirus-aid-us-analysis?CMP=Share_iOSApp_Other&fbclid=IwAR2RCk8or0Lwcl-TuQRa3HI43FNNRL_Po8LVGIc0ukUXWQDZSeoGxYc0nFY. 

17 Mike Tanglis and Taylor Lincoln. COVID Lobbying Palooza: Lobbyists Who Worked for Trump's Campaign, Committees, and Administration Are Feasting on the Public Health Emergency, Public Citizen, July 6, 2020, accessed August 25, 2020, https://www.citizen.org/article/covid-lobbying-palooza/. 

18 Belén Balanyá. “The future according to Shell: 'net zero' through fossil fuel expansion,” openDemocracy, May 19, 2020, accessed August 25, 2020, https://www.opendemocracy.net/en/oureconomy/future-according-shell-net-zero-through-fossil-fuel-expansion/.

19 Mike Coffin. “Net-zero goals for oil companies do not tell the whole story, Financial Times, June 24, 2020, accessed August 25, 2020, https://www.ft.com/content/07497357-5c39-4dea-839f-b33691dc7195.

20 Carbon Tracker. Absolute Impact: Why oil majors' climate ambitions fall short of Paris limits, Analyst Notes, June 24, 2020, accessed August 25, 2020, https://carbontracker.org/reports/absolute-impact/. 

21 Corporate Europe Observatory and Transnational Institute. "Cashing in on the pandemic: how lawyers are preparing to sye states over COVID-19 response measures'" May 19, 2020, accessed August 25, 2020, https://longreads.tni.org/cashing-in-on-the-pandemic. 

22 Friends of the Earth Europe. Oil corporations vs. Climate: how investors use trade agreements to undermine climate action, February 22, 2016, accessed August 25, 2020, https://www.foeeurope.org/oil-vs-climate-in-trade-agreements-220216.

23 Corporate Accountability. Real Solutions, Real Zero: How Article 6.8 of the Paris Agreement Can Help Pave the Way to 1.5°, November 2019, accessed August 25, 2020, https://www.corporateaccountability.org/wp-content/uploads/2019/11/Article-6.8-of-the-Paris-Agreement-A-Non-Market-Approach-to-1_5_v4_FINAL.pdf. 

24 Corporate Accountability. “Article 6 and the invisible hand of carbon chaos,” In Polluting Paris: How Big Polluters are Undermining Global Climate Policy, Corporate Accountability, October 2017, 14-17, accessed August 25, 2020, https://www.corporateaccountability.org/wp-content/uploads/2017/10/PollutingParis_COP23Report_2017.pdf. 

25 K. Anderson and G. Peters. “The trouble with negative emissions”, Science, October 2016, 354, no. 3609, 182-183 accessed August 25, 2020, https://doi.org/10.1126/science.aah4567.

26 Neela Baneerjee, John Cushman Jr. David Hasemeyer, and Lisa Song. “CO2's Role in Global Warming Has Been on the Oil Industry's Radar Since the 1960s,” Inside Climate News, April 13, 2016, accessed August 25, 2020, https://insideclimatenews.org/news/13042016/climate-change-global-warming-oil-industry-radar-1960s-exxon-api-co2-fossil-fuels.

27 Corporate Accountability. Polluting Paris: How Big Polluters are Undermining Global Climate Policy, October 2017, accessed August 25, 2020, https://www.corporateaccountability.org/wp-content/uploads/2017/10/PollutingParis_COP23Report_2017.pdf.

28 Damian Carrington and Jelmer Mommers. “‘Shell knew’: oil giant's 1991 film warned of climate change danger,” The Guardian, Febrary 28, 2017, accessed August 25, 2020, https://www.theguardian.com/environment/2017/feb/28/shell-knew-oil-giants-1991-film-warned-climate-change-danger.

29 Corporate Europe Observatory. Yara: Poisoning our soils, burning our planet - A profile of EU lobbying by the Norwegian fertilizer company, September 17, 2019, accessed August 25, 2020, https://corporateeurope.org/en/2019/09/yara-poisoning-our-soils-burning-our-planet.

30 P.R. Shukla, J. Skea, E. Calvo Buendia, V. Masson-Delmotte, H.- O. Pörtner, D. C. Roberts, P. Zhai, R. Slade, S. Connors, R. van Diemen, M. Ferrat, E. Haughey, S. Luz, S. Neogi, M. Pathak, J. Petzold, J. Portugal Pereira, P. Vyas, E. Huntley, K. Kissick, M. Belkacemi, and J. Malley, eds. Climate Change and Land: an IPCC Special Report on climate change, desertification, land degradation, sustainable land management, food security, and greenhouse gas fluxes in terrestrial ecosystems, IPCC, 2019, accessed August 25, 2020, https://www.ipcc.ch/srccl/.

31 Josh Wilson. "Feeding the future: fixing the world's faulty food system," The Telegraph, October 31,2019, https://www.telegraph.co.uk/news/feeding-the-future/. 

32 Catherine Lagrange and Marion Douet. "Monsanto guilty of chemical poisioning in France," Reuters, February 13, 2012, accessed August 25, 2020, https://www.reuters.com/article/us-france-pesticides-monsanto/monsanto-guilty-of-chemical-poisoning-in-france-idUSTRE81C0VQ20120213. 

33 Nina Lakhani. "Revealed: oil giants help fund powerful police groups in top US cities," The Guardian, July 27, 2020, accessed August 25, 2020, https://www.theguardian.com/us-news/2020/jul/27/fossil-fuels-oil-gas-industry-police-foundations.

34 Emily Field. "'Sustainable' Nestle Cocoa Made With Child Slavery, Suit Says," Law360, April 22, 2019, accessed August 25, 2020, https://www.law360.com/articles/1151873?utm_source=LexisNexis&utm_medium=LegalNewsRoom&utm_campaign=articles_search. 

35 Amnesty International. "Nigeria: 2020 could be Shell's year of reckoning," February 10, 2020, accessed August 25, 2020, https://www.amnesty.org/en/latest/news/2020/02/nigeria-2020-could-be-shell-year-of-reckoning/. 

36 Amnesty International. "Investigate Shell for complicity in murder, rape and torture," November 28, 2017, accessed August 25, 2020, https://www.amnesty.org/en/latest/news/2017/11/investigate-shell-for-complicity-in-murder-rape-and-torture/. 

37 V. De Sy, M. Herold, F. Achard, R. Beuchle, J.G.P.W. Clevers, E. Lindquist, and L. Verchot.Land use patterns and related carbon losses following deforestation in South America,” Environmental Research Letters, 10, no. 12, (November 27, 2015), https://iopscience.iop.org/article/10.1088/1748-9326/10/12/124004. 

38 Neela Baneerjee, John Cushman Jr. David Hasemeyer, and Lisa Song. “CO2's Role in Global Warming Has Been on the Oil Industry's Radar Since the 1960s,” Inside Climate News, April 13, 2016, accessed August 25, 2020, https://insideclimatenews.org/news/13042016/climate-change-global-warming-oil-industry-radar-1960s-exxon-api-co2-fossil-fuels.

39 Damian Carrington and Jelmer Mommers. “‘Shell knew’: oil giant's 1991 film warned of climate change danger,” The Guardian, Febrary 28, 2017, accessed August 25, 2020, https://www.theguardian.com/environment/2017/feb/28/shell-knew-oil-giants-1991-film-warned-climate-change-danger.

40 Fortune. "Global 500 2019," Search, accessed August, 25, 2020, https://fortune.com/global500/2019/search/. 

41 Tony Sekulich. "Top Ten Agribusiness Companies in the World," Tharawat Magazine, February 7, 2017, accessed August 25, 2020, https://www.tharawat-magazine.com/facts/top-ten-agribusiness-companies/. 

42 International Monetary Fund. "World Economic And Financial Surveys: World Economic Outlook Database," WEO October 2019 Edition, October 2019, accessed August 25, 2020, https://www.imf.org/external/pubs/ft/weo/2019/02/weodata/index.aspx. 

43 V. Masson-Delmotte, P. Zhai, H. O. Pörtner, D. Roberts, J. Skea, P. R. Shukla, A. Pirani, W. Moufouma-Okia, C. Péan, R. Pidcock, S. Connors, J. B. R. Matthews, Y. Chen, X. Zhou, M. I. Gomis, E. Lonnoy, T. Maycock, M. Tignor, T. Waterfield, eds. Summary for Policymakers. In: Global warming of 1.5°C. An IPCC Special Report on the impacts of global warming of 1.5°C above pre-industrial levels and related global greenhouse gas emission pathways, in the context of strengthening the global response to the threat of climate change, sustainable development, and efforts to eradicate poverty, IPCC, 2019, https://www.ipcc.ch/sr15/chapter/spm/. 

44 Fiona Harvey. "World has six months to avert climate crisis, says energy expert," The Guardian, June 18, 2020, accessed August 25, 2020, https://www.theguardian.com/environment/2020/jun/18/world-has-six-months-to-avert-climate-crisis-says-energy-expert.